Abadia Cisterciense de Jequitibá
Coronel Plínio Tude de Souza e Dona Isabel Fernades Tude de Souza
[...] Declaro que tendo eu e minha mulher Dona Izabel Fernandes Tude de Souza, nascidos na zona sertaneja, onde possuímos grande parte de nossos bens e onde por anos vivemos contentes e com felicidade, é nosso desejo beneficiar a referida zona, o que ora fazemos nesse nosso testamento, criando a “Fundação Divina Pastora”. Assim lego à mesma Fundação Divina Pastora, aqui instituída, a fazenda de engorda denominada “Jequitibá”, no município de Mundo Novo, com todas as benfeitorias, gado, etc. e tudo mais que nela existir ao tempo de abrir-se a sucessão, para na mesma fazenda ser criada a escola de ensino primário rural [...]. Nesses estabelecimentos exigimos que seja dado o ensino do catecismo e seja ensinada e divulgada a nossa Santa Religião Católica Apostólica Romana, como base primordial da referida Fundação Divina Pastora. [...].¹

O senhor Plínio Tude de Souza era natural da cidade de Feira de Santana, nascido aos 27 de março de 1877. A vida religiosa foi um aspecto marcante na vida do coronel Plínio Tude, e de sua família. Demonstrando, assim, o quanto era católica apostólica romana a família Tude, além dos atos de caridade que estão inseridos na sua crença. Ter esse compromisso e devoção religiosa, fez com que Plínio Tude doasse suas terras e bens na região sertaneja baiana para a construção da Fundação Divina Pastora, para benefício da população carente daquela localidade. Plínio Tude era casado pelo regime de comunhão de bens com Dona Izabel Fernandes Tude de Souza, além de ser Católico, apostólico e romano e não tendo descendentes do seu casal, instituiu sua esposa como sendo sua herdeira universal de seus bens. E em seu testamento dentre outros desejos, há a expressa vontade de se criar a Fundação Divina Pastora. Assim, a dois de maio de 1936, Plínio Tude de Souza vem a falecer.²
"[...] Obra esta que minha mulher e eu desejamos ardentemente criar e confiamos em Deus que será criada... e peço as justiças do Brasil que cumpram e façam cumprir fielmente, tudo como nele se contém. Bahia, 15 de fevereiro de 1936. Plínio Tude de Souza."³
O embrião de Cister é fertilizado na Fazenda Jequitibá, e com o empenho da sua fundadora, Dona Isabel Fernandes Tude de Souza, mulher determinada, de fibra e fé. O Coronel Plínio Tude tinha um perfil de homem extremamente religioso e devoto da Igreja Católica Apostólica Romana, assim como sua esposa, Dona Isabel Fernandes Tude de Souza, ambos extremos benfeitores da santa fé católica e fiéis seguidores do catecismo. Após o falecimento de seu esposo, ela toma a iniciativa de tornar o sonho do casal TUDE em realidade, de modo que, a população Jequitibaense, tivesse uma educação primária com o ensino agrícola, juntamente com o ensino do catecismo da Igreja Católica Romana. D. Isabel, que falava francês, comunicava-se com Dom Abade (cisterciense) nesse idioma.⁴
“'Tão logo chegaram, D. Isabel ordenou a (...) construção de uma casa para abrigá-los até que se construísse o mosteiro.' Foram eles juntamente com Dona Isabel Tude que escolheram o lugar para ser edificado à sede do Mosteiro, e deram-lhe o nome de Morro da Graça, e 'a obra receberia o nome de Fundação Divina Pastora.'”⁵
Dona Isabel continuou beneficiando o Mosteiro em sua construção da segunda ala, tanto quanto os trabalhos feitos pela Fundação por meio de contribuições significativas, o que fez com que a Ordem Cisterciense a recomendasse com a Comenda de Dama da Ordem do Santo Sepulcro numa forma de recompensá-la por seus significativos donativos. Então em 1948, a senhora Tude recebe a mencionada comenda e logo depois renuncia de forma jurídica ao seu direito de usufruir o patrimônio, passando então à tutela da Fundação Divina Pastora e do Mosteiro Cisterciense em Jequitibá.⁶

Passados séculos, vê-se na figura do Coronel Plínio Tude de Souza em seu desejo póstumo e também da sua viúva a senhora Dona Isabel Fernandes Tude de Souza a possibilidade do nascimento de um resquício Medieval surgido no século XII, e que em seu apogeu, expandiu-se por toda a Europa, onde na contemporaneidade é possível encontrar resquícios “vivos” de sua existência e permanência no decorrer da história em outros continentes, que é o caso do Mosteiro Cisterciense de Jequitibá.⁷
¹ Trecho extraído do Testamento de Plínio Tude de Souza, Salvador-BA 15 de fevereiro de 1936.
² JESUS, E. S. (2015) UM FILHO DE CISTER NO PIEMONTE DO PARAGUAÇU: RESQUÍCIOS MEDIEVAIS (1938/1970). Monografia (Licenciatura em História). Texto parcialmente adaptado para este site. Disponível em: https://www.academia.edu/29054350/UM_FILHO_DE_CISTER_NO_PIEMONTE_DO_PARAGUA%C3%87U_RESQU%C3%8DCIOS_MEDIEVAIS_1938_1970_.
³ Ibidem (¹).
⁴ Ibidem (²).
⁵ Ibidem (²).
⁶ Ibidem (²).
⁷ Ibidem (²).